sexta-feira, 29 de julho de 2011

A Igreja Perseguida na Turquia

Localizada em uma região estratégica, entre a Europa e a Ásia, a Turquia era uma espécie de encruzilhada para muitos povos da antiguidade. Em alguns períodos, a região fez parte de importantes rotas comerciais e era constantemente atravessada por caravanas que transportavam seda e especiarias da China.

População
A maioria da população da Turquia é da etnia turca. Os curdos são uma importante minoria e correspondem a 20% dos habitantes.

Embora a Turquia seja constitucionalmente um Estado laico, o islamismo continua a dominar a cultura do país. A maioria dos muçulmanos turcos é de tradição sunita, embora haja xiitas no país.

História

A história do povo da Turquia remonta ao início da Idade Média, quando nômades turcos vagavam pela Ásia Central e pela Mongólia, vivendo em tendas e cultuando a natureza.

Com a conquista da região pelos abássidas* no século VII, muitos turcos se converteram ao islamismo e migraram ao Ocidente. No século XI, sob o governo dos seljúcidas**, os turcos substituíram os árabes no controle da Ásia Menor e da Mesopotâmia, e continuaram sua expansão em direção ao noroeste, ameaçando o Império Bizantino e originando o Império Otomano.

Expandindo seus domínios, os seljúcidas interferiram na tradicional peregrinação à Jerusalém, o que provocou o início das Cruzadas.

O apogeu do Império Otomano se deu no reinado de Solimão I, que subiu ao poder em 1520 e liderou os exércitos turcos chegando à Viena, na Áustria. A decadência do domínio turco iniciou-se no século XVII e durou até o fim da I Guerra Mundial, quando a Turquia, aliada da Alemanha, foi derrotada e perdeu suas possessões no Oriente Médio e na África.

Após o armistício, os nacionalistas turcos ganharam poder, expulsando os gregos que haviam invadido o país, e proclamando a República em 1923. A nova nação tomou algumas medidas revolucionárias, como a abolição do sultanato, a reforma legislativa, a adoção do alfabeto romano e a anulação do artigo constitucional que declarava o islamismo a religião oficial da Turquia.

A Turquia juntou-se às Nações Unidas em 1945 e, em 1952, tornou-se membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Na última década, o país sofreu muitas reformas que fortaleceram sua democracia e economia, possibilitando, com isso, negociações para ser membro da União Europeia. A Constituição, de 1982, estabelece o país como um Estado secular, e concede liberdade de crença e culto, e disseminação privada de ideias religiosas.

Economia
O turismo e a indústria são atividades importantes da economia turca e a agricultura do país é auto-suficiente. O crescente relacionamento da Turquia com os países da Ásia Central é parte importante de sua estratégia de longo prazo para aumentar influência regional e alcançar a estabilidade econômica.

* Os abássidas foram uma dinastia muçulmana que dominou parte do Oriente Médio entre 750 e 1258.

** Os seljúcidas foram uma dinastia muçulmana que dominou parte do Oriente Médio e da Ásia Central dos séculos XXI a XIV.

A Igreja

Apesar de o país ter sido uma importante base cristã no passado, restam poucos cristãos na Turquia.

A comunidade cristã atual é formada por ortodoxos, na maioria, protestantes e um pequeno grupo de católicos. Há também comunidades de ex-muçulmanos, mas que se reúnem de forma discreta.

Geralmente os jovens deixam o país para ir estudar, o que faz com que a população cristã diminua.

Os turcos guardam amargas lembranças de ações da Igreja em tempos remotos, e possui falsas percepções e ideias sobre o cristianismo. Atualmente há 1.100 missionários no país.

A Perseguição
A Constituição garante liberdade religiosa e, geralmente, o governo respeita esse direito na prática. Ainda que o proselitismo seja legal no país, muçulmanos, cristãos e baha'is enfrentam algumas restrições e prisões ocasionais sob a acusação de praticá-lo ou de praticar reuniões não-autorizadas.

Respeitar a liberdade religiosa dos não-muçulmanos é essencial para a concretização da expectativa da Turquia em participar da União Europeia. Portanto, a reforma de leis contra igrejas cristãs tem sido facilitada, e o preconceito antiocidental retirado de textos didáticos das escolas. A atual liderança do partido Justiça e Desenvolvimento (AK) chegou até a restaurar uma antiga Igreja armênia no leste da Turquia, ignorando as objeções dos seus membros mais religiosos.

Mas, ao mesmo tempo, o sentimento anticristão está no ar. Existe um popular seriado de televisão chamado "Vale dos Lobos", que apresenta cenas que depreciam os cristãos. A série retrata um adolescente convocado por um grupo nacionalista a matar um editor de livros cristãos, e alguns episódios passam a ideia de que missionários cristãos são inimigos da sociedade e culpados por ligações com organizações criminosas que praticam tráfico de órgãos e prostituição.

Um novo ultra-nacionalismo mesclado com militância islâmica tem causado numerosos ataques contra cristãos nos últimos anos em toda a Turquia. Na região do Mar Negro, adolescentes desempregados estão especialmente inclinados a isso. "O empenho dos cristãos está crítico", diz Husnu Ondul, presidente da sede da Associação Turca dos Direitos Humanos de Ancara.

Em 2007, em um terrível ataque contra uma pequena comunidade de cristãos na Turquia, cinco jovens muçulmanos turcos degolaram três cristãos protestantes. O crime aconteceu em uma livraria cristã, no sudeste da província de Malatya. Duas das vítimas, Necati Aydin, pastor de 36 anos, e Ugur Yuksel, de 32 anos, eram ex-muçulmanos turcos. O terceiro homem,Tilmann Geske, de 46 anos, era cidadão alemão. Os três trabalhavam no escritório e faziam parte de uma congregação formada por 30 membros da igreja protestante de Kurtulus, dirigida pelo pastor Necati.

A imprensa local noticiou que quatro dos cinco agressores, todos com idades entre 19 e 20 anos, admitiram durante o início do interrogatório que foram motivados por "sentimentos nacionalistas religiosos".

Dois anos antes, numa demonstração de força contra o mesmo escritório da Editora Zirve, em Malatya, moradores locais protestaram na frente da loja alegando que a atividade de publicação e distribuição de livros cristãos constituía "proselitismo" contra muçulmanos e, por isso, a livraria e editora deveria ser fechada. A lei turca, contudo, garante o evangelismo religioso desde que não possua motivações políticas.

Motivos de Oração
1. A Igreja turca necessita de encorajamento para permanecer firme. A perseguição tem se agravado e atingido missionários também.

2. A Igreja turca possui uma imagem ruim perante a opinião pública. Memórias de épocas remotas precisam ser compensadas por novos ministérios de restauração e reconciliação. Alguns destes ministérios já foram iniciados. Ore pelo sucesso dessas iniciativas.

3. A Igreja está em declínio, apesar de crescer em alguns setores. A Igreja turca precisa ganhar evidência e ser apoiada com programas de treinamento e discipulado. Ore pela unidade dos líderes cristãos na Turquia.

4. Ore pelos cristãos que estão sofrendo processos judiciais. Alguns estão sendo julgados por causa de suas atividades religiosas, outros sofrem com a burocracia, pois são cristãos. Peça ao Senhor para fazer justiça em todos esses casos.


Fontes

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2008 Report on International Religious Freedom

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BBC Country profile

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Compass Direct

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Países@

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The World Factbook

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